Brigitte Helm, A Deusa Eterna De Yoshiwara!!!

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segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Resenha de Filme - Nahid: Amor e Liberdade

Nahid: Amor E Liberdade. Enfrentando Tradições.
O cinema iraniano está de volta (que bom que essas películas ainda pairam por aqui, depois de superarem um certo preconceito) às nossas telonas. E, mais uma vez, a opressão da mulher na sociedade muçulmana é discutida. Dessa vez, temos “Nahid: Amor e Liberdade”, da diretora Ida Parahandeh, que também assina o roteiro em companhia de Arsalan Amiri. Tem-se falado por aí que essa película lembra muito o premiado “A Separação”. E lembra mesmo, principalmente na questão de litígio de casais e imbróglios jurídicos. Mas creio que esse filme acrescenta mais alguns elementos.
Vemos aqui a história da Nahid em questão (interpretada por Sareh Bayat, que podemos dizer que tem uma estonteante beleza, além de ser uma espécie de sósia da Ana Paula Padrão), uma mulher que vive com seu filho Amir Reza (interpretado por Milad HoseinPour) numa tremenda pindaíba financeira, devendo a Deus e ao mundo, passando por situações muito desagradáveis com seu senhorio. O emprego de digitadora não lhe dá o suficiente para o sustento e dá-se a entender também que Nahid não é muito cuidadosa com seus gastos. Ela é separada de Ahmad (interpretado por Navid Mohammadzadeh), um cara que é viciado em drogas e jogo, vivendo com capangas em seu encalço a lhe cobrar dívidas. Nahid e Ahmad fizeram um acordo: ela abria mão do dote do marido, não poderia mais se casar e, em troca, teria a custódia do filho que, pelas leis iranianas é do pai em caso de separação. Nahid se apaixona por Massoud (interpretado pelo belo Pejman Bazeghi), que possui um estrato social mais alto e que quer casar com Nahid. Mas todos os impedimentos legais deixam a moça em maus lençóis. Massoud então sugere a curiosa saída do casamento temporário, permitido pelas leis iranianas, renovável todo mês por uma quantia módica no cartório. Apesar de permitida por lei, essa saída é muito malvista na sociedade iraniana. E aí, fica a questão: quem e pior? O ex-marido que é viciado ou a mãe que se submete a um novo matrimônio, mesmo sabendo que pode perder a guarda do filho?
É claro que a personagem de Nahid é vista como a grande vilã da história por seus pares, mesmo que Ahmad seja um tremendo zé preá. Esses filmes iranianos são bons no sentido de que eles exibem que pontos de vista culturais dos quais discordamos solenemente por aqui não são apenas reflexo das ações de um Estado teocrático autoritário. É uma questão sócio-cultural muito mais profunda que isso, enraizada nos corações e mentes de muitas pessoas. Sei que é um tema já batido colocar a coisa em apenas dois parâmetros, mas novamente cito o embate entre tradição e modernidade. Nahid, juntamente com o seu novo namorado, são reflexo de uma modernidade que enfrenta tradições profundamente arraigadas e que oprimem solenemente o gênero feminino. Nahid é uma mulher que quer ter liberdade para ter seu filho e amar um novo homem, mas os costumes e as leis não deixam. Só que o filme não cai apenas nesse lugar-comum de mostrar a mulher oprimida que busca heroicamente sua liberdade. Há uma certa crítica velada ao consumismo de Nahid que somente a ajuda a cavar mais ainda o buraco de sua falência financeira. Será que a diretora e roteirista quis fazer um alerta? Que, nessa ânsia de modernização da sociedade iraniana, onde há espaço para mais respeito à mulher, há espaço também para armadilhas como a cultura de consumo? Pareceu que ficou uma questão velada aqui: até onde é saudável abandonar essa tradição e abraçar essa modernidade? Afinal de contas, Nahid mentia e roubava para aliviar suas dívidas, mas também para sustentar seus impulsos consumistas. E mentir e roubar não são pecados capitais numa sociedade teocrática? Será que ficou um tanto implícito que as desventuras que nossa protagonista passara foram, em parte, bem merecidas? Se houve essa intenção, essa película é muito mais complexa do que parece e já bate “A Separação” nesse quesito.

Dessa forma, “Nahid: Amor e Liberdade” honra novamente um cinema iraniano que busca radiografar e analisar sua sociedade na busca por um pensamento mais libertário e democrático, mas desta vez não sem fazer uma crítica à sociedade capitalista de consumo. O enfoque às disparidades sociais e às más situações econômicas pessoais foi um elemento muito bem vindo nessa complexa película que não ficou somente na crítica a um autoritarismo do Estado teocrático. Vale muito a pena ver esse filme! E não deixe de ver o trailer após as fotos.

Cartaz do Filme

 
Nahid não pode se casar novamente

Massoud quer dar uma vida confortável a Nahid...

Luta para manter a guarda do filho

Mas como papai é um cretino!!!


Disputando uma mulher...

A diretora Ida Paranandeh.


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