Brigitte Helm, A Deusa Eterna De Yoshiwara!!!

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domingo, 21 de agosto de 2016

Resenha de Filme - 82 Minutos.

82 Minutos. Radiografando Uma Escola De Samba.
Um interessante documentário brasileiro está em nossas telonas. “82 Minutos”, dirigido pelo lendário Nelson Hoineff (que recentemente fez o bom documentário “Cauby, Começaria Tudo Outra Vez”) fala do cotidiano do Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela na preparação do desfile de 2015. O filme procura passar por todos os setores da escola (bateria, passistas, confecção dos carros alegóricos e fantasias, etc.) e etapas da preparação do Carnaval (escolha de samba-enredo, ensaio de mestre-sala e porta-bandeira, ensaios de rua de alas, ensaios técnicos, etc.). A escola só terá 82 minutos para apresentar um trabalho minucioso feito ao longo de um ano inteiro. E por que tal trabalho é tão minucioso? Porque existem vários critérios extremamente complexos no julgamento dos quesitos. Assim, tudo deve ser perfeito e nada pode dar errado na hora do desfile, ou o todo o trabalho de um ano irá por água abaixo.
Extremamente cruel, não? Mas isso é real e num país onde a falta de autoestima generalizada de todo um povo nos coloca no eterno complexo de vira-latas, essa ilha de dedicação extrema acaba sendo um fio de esperança de como nossa sociedade pode sair dessa inércia que a falta de amor próprio nos insere e de como podemos nos melhorar como povo e país se nós direcionarmos toda essa dedicação também para outros setores.
Fazendo um pequeno parêntesis que, indiretamente tem a ver com o documentário aqui analisado, estava pensando com meus botões no que tem acontecido na Olimpíada, principalmente lá no caso do salto com vara, onde aquele atleta francês foi sumariamente vaiado e isso o deixou muito abalado, já que nas competições de salto com vara lá no exterior, a torcida estimula o atleta com palmas na hora do salto, independente dele ser um adversário ou não. Ficou a impressão de que a torcida brasileira era extremamente hostil, mal educada, etc. Mas nós temos aqui um paralelo com o caso da torcida estrangeira na prova de salto com vara. Quem já assistiu um desfile de escolas de samba na Marquês de Sapucaí sabe do que eu estou falando. Todos nós sabemos que aquele desfile é um trabalho com muito afinco de um ano inteiro de uma comunidade e que a escola tem que passar toda por aquele maldito portãozinho antes do tempo esgotar para não perder pontos. Para quem está na arquibancada, um dos lances mais emocionantes é ver se toda a escola passará pelo portãozinho no prazo estipulado. E, nesse momento, a gente torce para todas as escolas obterem êxito, não importa se elas sejam adversárias da sua escola ou não, sendo esse mais outro bom elemento de nossa sociedade e cultura que o mundo do samba nos desperta: a solidariedade, indo um pouco na contramão dessa ideia geral (e, infelizmente, também existente) de que a sociedade brasileira é muito violenta e autoritária.
Mas, voltemos ao filme. Hoineff fez um estilo de documentário onde a câmara é apenas um espectador e registra todo o processo de produção do desfile, sem interagir com a comunidade. Se por um lado essa forma de documentário ajuda a captar mais informações de todo o processo, por outro, essa forma passiva de registro nos impede de entender aquela realidade de forma mais aprofundada. Eu digo isso, pois vimos no filme personagens interessantíssimos que poderiam render excelentes entrevistas. O mestre de bateria, a mestre das passistas, o presidente da escola, o mestre-sala e a porta-bandeira... mas aí seria um documentário mais sobre a escola de samba e sua comunidade em si do que um documentário sobre o preparativo do desfile. De qualquer forma, ficou aquele gostinho de querer saber um pouco mais da vida daquelas pessoas. Quem são? Como vivem fora do mundo do samba? Por que o samba é tão importante na vida delas? O que é um sentimento de identidade com sua escola e sua comunidade? Seria muito legal se fosse dada voz ao povo. Mas nada disso diminui a grandeza do documentário, pois todo o processo foi exibido de forma nua e crua, em seus entendimentos e desentendimentos, em seu sentido de perfeição e críticas às indisciplinas ou falta de dedicação. E era encantador ver toda uma comunidade envolvida num trabalho tão complexo ou árduo. Tais coisas nos dão um pouco mais de esperança de como o povo de nosso país pode ajudar a melhorar nossa nação. É só canalizar essa energia para outros aspectos da vida.

Dessa forma, “82 Minutos” é um filme altamente recomendável que, se peca por não analisar mais profundamente uma gama de interessantes personagens que uma escola de samba pode nos trazer, por outro quis mostrar de forma nua e crua, sem qualquer exercício de leitura ou opinião, todo o processo de preparação de um desfile de escola de samba. Vale a pena curtir tal experiência. E não deixe de ver o trailer após as fotos.

Cartaz do Filme

Um líder...

Uma porta-bandeira

Uma mestre de passistas...

Um mestre de bateria...

Uma escola de samba...

O diretor Nelson Hoineff

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