Brigitte Helm, A Deusa Eterna De Yoshiwara!!!

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quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Resenha de Filme - O Clã.

O Clã. Família Trapo.
O cinema argentino nos brinda com mais um bom filme. “O Clã”, dirigido por Pablo Tapero, o mesmo de “Elefante Branco”, que ganhou o Leão de Prata em Veneza esse ano, e que têm entre os seus produtores, Pedro e Agustin Almodóvar, traz mais uma vez uma boa história contada na balada do passado recente de nosso vizinho. E, quando o cinema argentino costuma revolver o passado de seu país, o resultado é muito bom. Esse novo filme é baseado numa história real da família Puccio, que na década de 1980 cometeu vários sequestros e assassinatos, abalando a sociedade argentina. Essa família era ironicamente liderada por Arquimedes Puccio (interpretado pelo grande ator Guillermo Francella), um agente do serviço de inteligência que, durante a ditadura, trabalhava na repressão. Mas veio o governo de Raul Alfonsín e a redemocratização, e as pessoas como Arquimedes deveriam, digamos, sair de circulação até que a poeira abaixasse. Entretanto, o que o nosso estimado Arquimedes faria para sobreviver nesse meio tempo? Óbvio! O mesmo que ele fazia no seu emprego anterior: sequestros! Só que agora a motivação não era mais política, mas sim era “la plata”. E tudo isso acobertado pelos militares argentinos. O problema é que toda a família de Arquimedes ficava envolvida, já que o cativeiro de seus reféns era no aconchego de seu lar. Um dos filhos de Arquimedes, Alejandro (interpretado por Peter Lanzani) se envolvia diretamente nas tramoias e nunca gostou muito disso, já que tinha uma carreira promissora como jogador de rúgbi. E, com esses dados já dá para perceber como a trama é rica e como existem vários dramas de consciência envolvidos, onde alguns membros da família aceitavam passivamente os negócios do papai, mas outros nem tanto.
É uma película que se apoia enormemente na atuação dos atores, sobretudo a de Francella, que dá um show. Se todo mundo pensava que o cinema argentino era só Ricardo Darín, os cinéfilos de plantão também devem dar atenção a esse grande ator que inclusive já contracenou com Darín. Francella deu a Arquimedes um olhar fixo, frio, calculista e penetrante, que lhe rendeu um grande carisma sem falar uma palavra sequer nessas tomadas. Igualmente fria era a sua interpretação na hora de negociar os sequestros ao telefone, onde ele dava instruções pausadamente sem levantar ou embargar a voz. Outro que esteve muito bem foi Peter Lanzani, o filho Alejandro que, se no início ainda aceitava passivamente todas as condutas do pai, com o tempo foi questionando-as até entrar em conflitos violentos com Arquimedes.
Um detalhe curioso está na capacidade que os argentinos têm de sempre politizar o contexto envolvido na película. Mesmo que a intenção dos sequestros praticados por Arquimedes seja o dinheiro, ainda assim aparecia uma ou outra situação em que o sequestrado tinha alguma relação com um ou outro ricaço que tinha ajudado a ferrar o país economicamente de alguma forma (ah, os malfadados tempos em que o FMI abalava as estruturas econômicas de nosso combalido continente!). Ou seja, havia um leve discurso que esboçava uma legitimação do sequestro, mas que era logo pulverizado pelos maus tratos que a vítima sofria no cativeiro, num exercício de recordação de que tal procedimento não acabaria com as mazelas sociais do país e era altamente repugnante, pois membros da ditadura o haviam usado para manter sua coerção e autoritarismo.

Dessa forma “O Clã” é mais um interessante filme argentino que resgata uma ferida aberta no passado recente do país, tem uma atuação soberba de Guillermo Francella e, ainda por cima, nos faz refletir sobre o quanto é hediondo e degradante um tipo de crime como esse, ainda mais quando você obriga toda a sua família a ser sua cúmplice. Vale mais uma vez a pena dar uma chegadinha ao cinema para conferir essa interessante história.

Cartaz do filme

Uma família respeitosa...

Uma família tradicional...

Um pai e um filho...

Tirando dúvidas do dever de matemática...

Um olhar penetrante, frio e calculista...

Pablo Trapero e Guillermo Francella.

O verdadeiro Arquimedes Puccio.

A verdadeira família Puccio...

Em Veneza...





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