Brigitte Helm, A Deusa Eterna De Yoshiwara!!!

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domingo, 2 de agosto de 2015

Resenha de Filme - Juventude Desenfreada

Juventude Desenfreada. Sintomas De Uma Era Perdida.
Mais uma produção de Nagisa Oshima exibida recentemente numa mostra realizada no CCBB. “Juventude Desenfreada” (“Cruel Story of Youth”), produzido no ano de 1960, é uma outra crítica rigorosa contra a sociedade japonesa do pós-guerra. Vemos aqui a história da jovem Makoto, uma moça de classe média e maus hábitos. Ela perambula pelas cidades à noite, aceitando caronas de estranhos que, na maioria das vezes, tentam estuprá-la. E foi dessa forma que ela conheceu o universitário Kiyoshi, que inicialmente a salvou de um estupro e, posteriormente, ele mesmo a estuprou, começando um “lindo” caso de amor. O relacionamento entre os dois só mergulhou Makoto ainda mais no submundo, afastando-a da família, que se limitava a apenas seus irmãos, e de suas amigas mais chegadas. Nesse tosco relacionamento, Makoto experimentou momentos de liberdade e algum romance, mas também passou por muitas situações espinhosas. Como a grana ficou curta (ela sempre fica para praticamente todo mundo), Kiyoshi começou a obrigar a moça a prostituir-se, tendo como alvo homens de meia idade que depois eram chantageados por Kyioshi. Como dá para perceber, a coisa não poderia terminar bem. O casal foi preso depois da denúncia de uma de suas vítimas. Para a humilhação ser ainda maior, quem libertou Ryioshi foi uma amante sua de meia idade, que perseguia o casal depois que os dois saíram da cadeia. Já Makoto só se libertou, pois passou uma conversa nos policiais em seu depoimento.
O desfecho do filme é trágico. Kyioshi decide se separar de Makoto que, sozinha, continua sua vida na prostituição. Dentro do carro de um cliente, é ameaçada por ele e se atira do automóvel em movimento, morrendo com uma ferida bem feia em seu rosto. Kyioshi também tem um fim trágico, ao ser espancado e estrangulado por uma gangue. A cena final do filme mostra os rostos mortos do casal juntos e desfigurados.
Como foi dito acima, temos mais um filme de Oshima que critica a sociedade japonesa da época, usando do expediente da violência para chocar o público. Se os japoneses conseguiram se reconstruir depois de toda a tragédia da Segunda Guerra Mundial, essa reconstrução não se fez sem sequelas. Apesar de seus filmes de apelo político e de sua fama de rebelde e anarquista, uma coisa no cinema de Oshima é inquietante. Ao retratar o submundo, como ocorre nessa película, há sempre um castigo cruel para os transgressores, como se sua crítica ácida à sociedade confirmasse, ao fim das contas, posições moralistas conservadoras. Isso já havia acontecido em “Império da Paixão”, onde o casal de adúlteros teve sua vida transformada num verdadeiro inferno. Assim, parece que Oshima somente identifica e cita elementos considerados “distorcidos” pela sociedade mais tradicional, mas sua posição é tão moralista e conservadora quanto a dos conservadores, pelo menos aqui. Se ele fosse mais transgressor, talvez o crime compensasse, com Makoto e Ryioshi tendo um final feliz. Pode até soar mais falso, pela vida perigosa que os dois levavam, mas, com certeza, seria bem mais desafiador.

De qualquer forma, isso não tira o mérito desse grande cineasta japonês que é considerado um dos criadores da “nouvelle vague” japonesa e tem um espírito rebelde, principalmente quando ele se posiciona abertamente contra a guerra do Vietnã e contra o preconceito da sociedade japonesa da época à leva de imigrantes coreanos que inundava o país. Nesse momento, Oshima está na vanguarda das vanguardas. Assim, só podemos ter uma noção do que o cineasta queria dizer se conhecermos um número cada vez maior de suas obras.

Cartaz do filme

Cartaz na França.

Makoto, só se envolvendo em más situações...

... e se entregando a um de seus estupradores...

Houve até alguns momentos de idílio...

... mas também momentos de desgosto.

... e solidão.





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